Polícia

Líderes presos do Comando Vermelho são ouvidos pela polícia no Rio

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Gustavo Rodrigues, delegado titular da DESARME. Foto: Marcelo Tavares

A Polícia Civil realizou, na manhã desta terça-feira (13), uma operação para colher o depoimento de líderes, que já foram capturados e estão presos, do Comando Vermelho (CV). A ação visou esclarecer o valor milionário de lavagem de dinheiro, roubos de veículos e carga conquistado pelos acusados.  

A operação ‘Caixinha S/A’ é realizada no Complexo de Gericinó, em Bangu, nos presídios: Gabriel Ferreira de Castilho (Bangu 3); Instituo Penal Vicente Piragibe (SEAPVP); Nelson Hungria (SEAPNH); Jonas Lopes (SEAPJL); Plácido Sá Carvalho (SEAPPC); cadeia pública Paulo Roberto Rocha (SEAPPR); e penitenciária Dr. Serrano Neves (SEAPSN). A ação também possui alvos no presídio Tiago Teles, em Guaxindiba, São Gonçalo. 

Segundo a polícia, agentes da Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (DESARME) foram responsáveis pela operação, e contaram com apoio de outras delegacias e da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária, através do compartilhamento de informações de inteligência do Sistema de Identificação Penitenciária (SIPEN). 

As investigações tiveram início em 2019, após a prisão em flagrante do traficante “PQD da CDD”, de acordo com a polícia. Com ele uma equipe da PM apreendeu diversas armas de fogo e munições, kits de limpeza de armamentos, equipamentos militares, cerca de R$ 5 mil em espécie e diversas anotações de contabilidade do tráfico de drogas. 

Os criminosos do Comando Vermelho (CV), centralizados nas comunidades Cidade de Deus e Jacaré, nas zonas Oeste e Norte do Rio, aproveitavam o lucro para sustentar familiares e negociar compra de armas, segundo apontado pelo inquérito. 

Conta fantasma

Uma das formas mais utilizadas pelos criminosos era a interposição digital. Eles habilitavam um token no aplicativo de um banco, através do celular de uma pessoa morta, para realizar a abertura de uma conta digital.

"A conta era aberta de forma que não precisava de procuração. O dono da conta se passava por outra pessoa de forma digital e fazia o dinheiro circular entre os integrantes da facção. Foram apreendidos depósitos de dinheiro em espécie efetuados na loteria da comunidade. Os depósitos eram feitos para familiares de presos de diferentes regiões do Rio", disse Gustavo Rodrigues, delegado titular da DESARME

Ainda segundo a Polícia Civil, o esquema já movimentou cerca de R$ 7 milhões em mais de 40 contas bancárias .

A Caixinha

A "Caixinha do Tráfico" é uma das estratégias do fundo dos criminosos. Após os acusados serem presos, os familiares e pessoas próximas continuaram desfrutando desse benefício financeiro. Uma delas era a família do traficante Marcelo Moreira Reis, o Marcelinho da CDD, que recebia uma renda mensal no valor de R$ 28 mil.

Ele é apontado como integrante da cúpula e dono de duas localidades na Cidade de Deus, conhecidas por conta da atuação de criminosos.

"Essas localidades são responsáveis por diversos sequestros relâmpagos em Jacarepaguá e na Barra da Tijuca, e o Marcelinho é apontado como um dos envolvidos nesses crimes", contou Gustavo.

Rede de beneficiados

Os policiais conseguiram identificar os beneficiados através de dezenas de comprovantes de depósitos. Foram milhares de transações suspeitas.

"A polícia vai empreender os maiores esforços para sufocar financeiramente e prender essas lideranças. Quem tiver preso vai ter seu patrimônio rastreado. Queremos deixar bem claro que roubar população, trabalhador, carga e veículo é um mau negócio", finalizou o delegado.

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